A caminho do médico, o reflexo do outdoor iluminou o rosto de Clarice, assim um brilho impar, rápido.
Ela já estava atrasada, mas isso agora não mais importava. Levantou-se do assento, foi até a porta, fez sinal para o cobrador e desceu... não esperou nem o próximo ponto.
Para Clarice aquele era seu ponto final, ali, no burburinho da Praça Roosevelt. Desceu bem antes do médico... "Que se dane o médico!"
Enquanto caminhava, invisível entre os passantes, olhava para dentro de si, para o vazio que chamou durante vinte anos de casamento... refletido naquele outdoor.
Atirou-se em um dos vãos.
Apenas uma lágrima tímida por testemunha. Lá embaixo o corredor leste-oeste.
4 comentários:
Gostei muito desse conto, mas coitada da Clarice, foi parar no corredor leste-oeste...
Caiu no Penha-Lapa...
Que relato mais fatalista...
O que tinha no outdoor?
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