terça-feira, 19 de junho de 2007

Peu de Conte

A caminho do médico, o reflexo do outdoor iluminou o rosto de Clarice, assim um brilho impar, rápido.

Ela já estava atrasada, mas isso agora não mais importava. Levantou-se do assento, foi até a porta, fez sinal para o cobrador e desceu... não esperou nem o próximo ponto.

Para Clarice aquele era seu ponto final, ali, no burburinho da Praça Roosevelt. Desceu bem antes do médico... "Que se dane o médico!"

Enquanto caminhava, invisível entre os passantes, olhava para dentro de si, para o vazio que chamou durante vinte anos de casamento... refletido naquele outdoor.

Atirou-se em um dos vãos.

Apenas uma lágrima tímida por testemunha. Lá embaixo o corredor leste-oeste.

4 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito desse conto, mas coitada da Clarice, foi parar no corredor leste-oeste...

Anônimo disse...

Caiu no Penha-Lapa...

Fábio Félix disse...

Que relato mais fatalista...

Anônimo disse...

O que tinha no outdoor?