
A pior dor é o vazio, o vazio consome tudo...
o vazio que nos traz a ausência do Nelson,
o vazio que Maria Luísa deixou, o vazio que o Nelson consumiu.
Há três semanas Maria Luísa havia saído de casa. Nelson estava inconsolável.
Maria Luísa conhecia suas fraquezas, sua boêmia, mas ao que parece não conhecia seu amor.
O Nelson é claro, tinha convicção de que ela acreditava em seu amor e sabia que a malandragem, o samba no pé e as mulatas eram parte de sua vida, de sua criação.
Após quatorze anos Nelson chegou da gafieira e Maria Luísa não estava em casa, sobre a mesinha da sala, em um pedaço de papel sulfite, um soco no estômago de apenas duas palavras: “Cansei, adeus.”
Desde então, Nelson deixou de sair, deixou de se alimentar, a única água que bebia descia ardente goela abaixo. A cachaça ulcerava sua dor, mas ele sequer sentia.
O pequeno apartamento na Nascimento Silva parou. O pó impregnava os móveis, o único som que se ouvia era o Cartola, em seus sambas doloridos, cantando baixinho.
Os vizinhos batiam à porta, mas Nelson não atendia, quando respondia limita-se a maldizer a vida, maldizer o amor.
O amor de Nelson Quintela deixou de doer em paz, seu mundo se tingiu de cinza, sua vida era só desalento.
Na última sexta-feira, a porta do apartamentinho da Nascimento Silva amanheceu aberta, os vizinhos não ouviram, ninguém viu. Nelson não estava na Lagoa, Nelson não estava no Vinícius, Nelson desapareceu por completo do Leblon e de Ipanema.
Insano de desespero Nelson vestiu seu terno de linho, tomou seu Panamá e saiu ainda pela madrugada... perambulando pelo Rio até morrer na Lapa.
Nelson alugou um quartinho em um desses hotéis do meretrício, pagou a semana adiantada, tirou do bolso uma cordinha de palha, ficou nu, amarrou seus pés, cobriu sua vergonha com o Panamá, com dificuldade amarrou suas mãos à cabeceira da cama e se entregou ao vazio.
Encontrado pelo dono do hotel, cinco dias após, seu corpo inerte sorria, em seus olhos o brilho de uma vida intensa consumida pelo vazio.
o vazio que nos traz a ausência do Nelson,
o vazio que Maria Luísa deixou, o vazio que o Nelson consumiu.
Há três semanas Maria Luísa havia saído de casa. Nelson estava inconsolável.
Maria Luísa conhecia suas fraquezas, sua boêmia, mas ao que parece não conhecia seu amor.
O Nelson é claro, tinha convicção de que ela acreditava em seu amor e sabia que a malandragem, o samba no pé e as mulatas eram parte de sua vida, de sua criação.
Após quatorze anos Nelson chegou da gafieira e Maria Luísa não estava em casa, sobre a mesinha da sala, em um pedaço de papel sulfite, um soco no estômago de apenas duas palavras: “Cansei, adeus.”
Desde então, Nelson deixou de sair, deixou de se alimentar, a única água que bebia descia ardente goela abaixo. A cachaça ulcerava sua dor, mas ele sequer sentia.
O pequeno apartamento na Nascimento Silva parou. O pó impregnava os móveis, o único som que se ouvia era o Cartola, em seus sambas doloridos, cantando baixinho.
Os vizinhos batiam à porta, mas Nelson não atendia, quando respondia limita-se a maldizer a vida, maldizer o amor.
O amor de Nelson Quintela deixou de doer em paz, seu mundo se tingiu de cinza, sua vida era só desalento.
Na última sexta-feira, a porta do apartamentinho da Nascimento Silva amanheceu aberta, os vizinhos não ouviram, ninguém viu. Nelson não estava na Lagoa, Nelson não estava no Vinícius, Nelson desapareceu por completo do Leblon e de Ipanema.
Insano de desespero Nelson vestiu seu terno de linho, tomou seu Panamá e saiu ainda pela madrugada... perambulando pelo Rio até morrer na Lapa.
Nelson alugou um quartinho em um desses hotéis do meretrício, pagou a semana adiantada, tirou do bolso uma cordinha de palha, ficou nu, amarrou seus pés, cobriu sua vergonha com o Panamá, com dificuldade amarrou suas mãos à cabeceira da cama e se entregou ao vazio.
Encontrado pelo dono do hotel, cinco dias após, seu corpo inerte sorria, em seus olhos o brilho de uma vida intensa consumida pelo vazio.
* fotografia de Ricardo Tavares
Um comentário:
Já é tempo pra mais um post!
Thiago
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